Promotor
Escola de Mulheres - Oficina de Teatro, Lda
Sinopse
Em 2023, com a coordenação artística de Ruy Malheiro e a colaboração dos artistas intérpretes, procuramos olhar, pensar e partilhar com o público as palavras de quem as escreveu. Se nos primeiros 10 anos deste ciclo se deu voz maioritariamente a autores e autoras da novíssima cena literária nacional, em 2023, e fazendo convergir este ciclo com a temática transversal de toda a atividade – a Memória – enalteceremos e prestamos homenagem a algumas das vozes mais marcantes da literatura portuguesa, que merecem o nosso reconhecimento pelo seu papel fundamental na história da poesia em Portugal.
Nascida Ilha de São Miguel, Açores em 1923, Natália Correia foi uma das personalidades mais destacadas da literatura portuguesa das últimas décadas. Notabilizada através de diversas vertentes do ofício da escrita (foi poeta, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora), tornou-se conhecida na imprensa escrita e, sobretudo, na televisão, em programas como «Mátria», no qual exprimia uma forma especial de feminismo o matricismo, identificador da mulher como matriz primordial e arquétipo da liberdade erótica e passional; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.
Natália dava largas ao seu invulgar talento oratório nas suas polémicas intervenções parlamentares enquanto deputada (1980-1991) e nas tertúlias artísticas: primeiro em sua casa, mais tarde no bar Botequim, que fundou em 1971 com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, e onde durante os anos setenta e oitenta do século XX se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa e muitos escritores estrangeiros.
Durante a ditatura foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação de uma Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (1966) e processada pela responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta.
Natália Correia, cuja escrita alguns críticos classificaram como surrealista, outros como barroca e outros, ainda, como romântica, foi na verdade uma escritora cuja originalidade e versatilidade não podem ser compartimentadas em qualquer escola literária.
Foi um desses seres, frequentes no nosso país, que se adiantam ao tempo em que vivem para anunciar, antecipar, novas expressões culturais.
Ficha Artística
autora Natália Correia
coordenação artística Ruy Malheiro
na voz de
Ana Vilela Costa | Catarina Rabaça | Fábio Nóbrega Vaz | Hugo Nicholson | Marta Lapa | Miguel Ponte | Ruy Malheiro | Sílvio Vieira | Sofia Fialho | Teresa Vaz
na música de
Miguel Galamba